As flores e os espinhos


A tristeza que invade o corpo e a mente
Faz focar só naquilo no instante
O que sofre só vê como importante
O que trata da dor que agora sente
Neste estado em que jaz tão impotente
Perde, o mundo, a beleza que tivera
Acinzentam-se o céu e a primavera
Nada mais é capaz de comover
Nada mais é capaz de dar prazer
Se deixarmos, a dor nos encarcera

É que a dor faz ficar na defensiva
Nosso corpo responde ao perigo
Vendo em tudo que há um inimigo
E assim nessa trama aflitiva
Toda dor se faz ver definitiva
Mas diziam os sábios tibetanos
Que a vida é repleta de enganos
Não se deixe levar por fantasias
Mesmo quando vierem os maus dias
Que ali não se encerrem os seus planos

Na verdade, na vida nada dura
Também vale dizer ao sofrimento
Que ele é coisa que vem e é de momento
Mas é fruta que cai quando madura
Por cruel que nos seja a tortura
De perdermos alguém a quem amamos
De frustrar uma crença que criamos
De cair numa curva do caminho
Por maior que nos seja o espinho
Não anula a flor que apreciamos.

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