O VACILO DE JOSÉ

Agradecemos à colaboração de Prof. João Teles com a revisão técnica.


I.
Viveu José sua história
Em cada passo e agonia
Ele entrou numa furada
E quase que não saía.

II.
Era igual a qualquer um
Nem mais fraco, nem mais forte
E pagou pelas escolhas
Contou ele com a sorte.

III.
Mas não se enganem vocês
Da fossa que o conheceu
Sei, nem todo mundo escapa
Grande parte pereceu.

IV.
José viveu para as drogas
Curtiu enquanto podia
Só depois se apercebeu
Do quanto que se perdia

V.
Escapou, mas não foi fácil
Afinal, lá no começo
Prendeu-se ele julgando:
“São boas, eu as mereço!”

VI.
Tudo começou um dia
Com os amigos no quintal
Deram-lhe logo um cigarro
Disseram que era normal.

VII.
Tossiu, quase se engasgou
Coisa de primeiro trago
Sua mãe sequer sabia
Estava feito o estrago.

VIII.
Pensava ele: - Sou homem!
E homem fuma e bebe.
Meus amigos me aceitam
As meninas, logo em breve.

VIII.
Não custou, os tais amigos
Nas festinhas da cidade
Lhe empurraram muitos goles
De cerveja, à vontade.

VIII.
José, tonto e esquisito
Dançou mais e... livremente
Tomou gosto pela coisa
Se via todo contente.

IX.
Não custou, se acostumou
Co’aquela loira danada
Para ser festa da boa
Tinha que ter a gelada!

X.
Cerveja já era fraca
Precisava de algo mais
José rumou pro uísque
Vodka, rum e coisas tais.

XI.
Nas rodadas de bebida
Pra se fazer de machão
“Concurso de quem aguenta
Beber a maior porção”.

XII.
E andava em sua moto
Bêbado, em cada estripulia,
Ronco forte de motor,
Animado em correria.

XIII.
Andou levando umas quedas
E torcendo o antebraço
Se não fosse o capacete
Morreria nesse enlaço.

XIV.
Já o pobre do Marquinhos
Um amigo de garupa
Findou sua vida ali
Ao José restou a culpa.

XV.
No dia depois do enterro
Descontou lá na cachaça
Bebeu todas que cabiam
Caiu mesmo ali na praça.

XVI.
A esse tempo, na escola
Não lhe interessava nada
Os professores falando
Ele pensando a noitada.

XVII.
Lhe mostraram a novidade
Ele, curioso, aceitou
Um cigarro diferente
De tudo que já fumou.

XVIII.
Fez viagem a outro mundo
Viu tudo se misturar
Ficou livre, leve e solto
Parecia flutuar.

XIX.
Quis saber depois daquilo
O que ora lhe ocorrera
Soube pelos seus amigos
Da droga que o abatera.

XX.
Não foi cigarro qualquer
Foi algo bem mais potente
E depois de lhe dizerem
Maconha, era evidente.

XXI.
E mergulhou de cabeça
Naquela vida de louco
Álcool, porta de entrada
Toda droga, algo pouco.

XXII.
Misturaram algo mais,
Na maconha que fumava
A viagem ampliou-se,
E num instante passava.

XXIII.
Soube que era o tal crack
Bicho mais, muito mais forte
Mais gostosa era a viagem
Bem mais perto ele da morte.

XXIV.
Já não tinha mais controle
Dia e noite, noite e dia
Prendeu-se já no desejo
Que tanto lhe consumia.

XXV.
E se chegasse o dinheiro
Tinha seu destino certo
Comprava todo de crack
Não queria a mãe por perto.


XXVI.
Dizia: - Estou no controle
Continuo porque gosto
E quando quiser largar
Largo logo, digo, aposto!

XXVII.
Eis que se contradizia
Perdeu peso, fico feio
Perambulava ao relento
Não tinha nada de freio.

XXVIII.
Só conseguiu se livrar
Com muito custo e esforço
Assim que reconheceu
Ter chegado ao fim do poço.

XXIX.
Nos pais procurou ajuda
E nos postos de saúde
Voltou a assistir às aulas
Disso soube, quando pude.

XXX.
Vejam vocês essa história
Vivida em tantas casas
A droga é silenciosa
Só basta lhe deem asas.

XXXI.
Saiba que a dependência
Não está longe de você
Basta o primeiro passo
Para logo se perder.

XXXII.
Eu aqui deixo esse exemplo
Não entre nessa ROUBADA,
E se entrou, vá e corra
Pra ajuda, camarada!

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