O SANGUE NÃO SERÁ PERDIDO
O sonho não morrera com Virgilio.
Seu corpo estirado, ora banhado,
Em dor, rubor do sangue perdido,
Virara símbolo forte de resistência.
Já vinham Ricardo, José e Florência,
Com a rede para levá-lo em marcha,
Marcha de retirada, má caminhada...
Rostos tristes, escoltados, castrados...
Lá, a dor profunda de perder a terra,
Em batalha findada, fim maltrapilho.
E Dona Iná, coitada, sem seu filho,
Desmanchando-se em mau pranto.
Tanto Virgilio fizera naquele canto,
Em prol dum uno ideal de libertação.
Não haveriam de deixar ser em vão.
Inda resistiriam, ante sua história!
Feito bichos, enxotados, humilhados...
Pra onde ir? Donde eles são mesmo?
Ora, a cerca impôs: “Deixe-os a esmo!
Se for gente, não importa! Partam!”
E partiram... Mas não morreram!
E o sangue perdido nutre o espírito:
De luta, de teimosia e de justiça.
(Pintura de Inimá de Paula)
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