POBRES VERSOS DE INSÔNIA

Insistir em descrições é vão
Quando o fluir passa por entre as narinas
E se esvai tão forte e ininterruptamente
É o vento ébrio que apaga as lamparinas
Obriga-me, tal impostor, a ceder e curvar
Minhas ambições às limitações temporais
As mesmas que me consomem sem sentir.

Mas insisto, insisto sem pensar
Que a vida, essa curva sinuosa de uma fita
Não avilta o nadador que em abraçadas avança
O teimoso algo alcança, nem que a morte ao final
E se a irmã-última vier fria, tragando alma e penar
Pensarei mais no raio que alumia esse nobre pelejar
E terei sentido, qualquer, para viver e sorver verbos
Sem medo, sem receio de me desamarrar.

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