DESEJOS DISCRETOS EM MEIO À SOLIDÃO URBANA

Entre prédios de concreto, o negror do asfalto, é aquela dor latente, do desejo de olhar no olho e sentir fraternidade. Mas não a sinto...  Não olham para mim como gente. Ao contrário, há tremenda desconfiança, medo semeado. As relações são tão superficiais! É um “tirar proveito” sem fim... Reificaram-me, eu os reifiquei, assim como a nossa casa comum tornou-se tão morta. Só sinto um ar de dor; uma terra sufocada, um vento impuro, uma organização espacial confusa (simplificada demais), longe do verde e da harmonia, do (en)canto dos pássaros, do som dos animais; ouço somente a bagunça de gritos, de buzinas, de motores ligados... É tudo confuso. O ritmo da vida é acelerado demais. Tão acelerado que não resta tempo para prestar atenção na pulsação da própria vida, quanto mais na dos outros. É tanto peso, é tanto fardo! Esquecemos o que realmente é prioritário; fugiu de nós o que de fato interessa: viver a vida plenamente. Quero, agora, é viver a liberdade, de fazer escolhas, de não ser escravo de minhas próprias ambições, preso num lugar fruto da ambição e ostentação desenfreada da tola comodidade humana.

Comentários

Postagens mais visitadas