DESERTO (DO) PUERIL
Pé descalço,
Cabisbaixo,
Um moleque
Magricelo e torpe;
Topei nele
No turbilhão
Da rua.
Tinha aprendido
A sempre ignorá-los.
Retrato nu:
Da fria exclusão...
Puerilidade perdida.
Pura desilusão.
Não quis ver-me.
Não me pediu nada,
Estranho!
Apenas olhava
Seus próprios pés,
Sujos e grossos...
Enrijecera, quiçá,
Não só os couros,
Mas, em defesa,
Encapsulara-se...
O mundo lhe ofende,
O mundo lhe fez doença.
Que o mundo se acabe!
Que eu me acabe...!
Nada precisa existir,
Na vastidão do nada...
(Pintura: Menino de Rua, de Cândido Portinari)
Comentários
Postar um comentário