A VELHA PIADA DO TRANSPORTE UNIVERSITÁRIO DE COREAÚ

Não é de agora que o transporte universitário é um problema, não só em Coreaú, como em vários outros municípios. O que ocorre é que temos um centro acadêmico regional, que é Sobral, e os estudantes de toda circunvizinhança, não podendo ou não querendo residir lá, acabam sendo obrigados a se deslocarem diariamente, para cursar o Ensino Técnico/Profissionalizante e Superior. Legalmente, é dever da Federação (isto é, do Governo Federal) cuidar dos assuntos pertinentes à Educação de Nível Superior, enquanto aos municípios e aos Estados é dada responsabilidade maior sobre o Ensino Básico. Essa é uma das desculpas mais dadas ao se referir a tal questão. Os gestores apresentam como resposta às reivindicações dos estudantes não terem qualquer obrigação de oferecer transporte para que se desloquem. 

Vejamos bem, então, nossos prefeitos não têm obrigação qualquer com seus munícipes, sobretudo aqueles dos quais depende a existência futura de cidadãos/profissionais qualificados? Eles (os estudantes) que vão atrás da Dilma! Os estudantes têm de ficar à mercê da “boa vontade” dos prefeitos! Isso é uma vergonha! Há algo de muito errado neste discurso! Transporte universitário é um direito, tendo em vista, ainda mais, a quantidade crescente de universitários, hoje, filhos de famílias pobres, muitos deles desempregados, como este que vos fala. 

Só há uma solução verdadeira, e a nomeio agora: ORGANIZAÇÃO. Se os estudantes se organizarem DE FATO, terão voz muito mais prestigiosa junto ao Poder Público. Digo, frisando, que a organização deve ser de fato, posteriormente é que se pensa em criar uma associação ou coisa do tipo, legalmente constituída. Há uma célebre frase que aprendi a recorrer: é dos fatos que se vai ao direito. Em Coreaú, já tivemos, infrutuosamente, uma associação dos estudantes – aliás, nem sei, com certeza, se tal organização foi mesmo extinta legalmente – mas não conseguiu ter a participação efetiva da classe. Então, existia legalmente, entretanto não conseguiu se efetivar na realidade. Isso é algo a se repensar. Outra coisa a se repensar é, ao fazer a associação, zelar para que a mesma não seja por demais dependente do gestor, a saber, exista somente como um intercâmbio entre os estudantes, a gestão do transporte e a prefeitura; sendo mais claro ainda, a associação deve ter autonomia – estando ou não com o apoio da Prefeitura, deve se manter enquanto instituição que visa garantir os direitos dos estudantes universitários. 

Essas são algumas questões pertinentes. Reflitam, pois, onde estão também os vereadores dos municípios, se estão zelando pelos direitos do povo, cobrando posições da Prefeitura em questão como a aqui retratada, ou se são meros subordinados. A culpa, então, é dupla, de prefeitos descomprometidos e irresponsáveis, e de Câmaras inatuantes, omissas, submissas. Um projeto de lei interessante seria algum que garantisse a obrigatoriedade de tal transporte. Já foi tocado neste assunto na campanha eleitoral! Pensemos nisso também. Caso não tratemos, primeiramente os estudantes, esse assunto com seriedade, nossos gestores o tratarão como brincadeira, assim como nossa força de reivindicação também. Os assuntos do povo não podem se tornar “piadas”.

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