TEIMOSIA À LUZ FOSCA
E o menino magricelo,
Precisa é labutar.
Sustentar com o pai,
E sua mãe sofrida,
O restante da família,
Faminta, esbaforida,
Na roça, no manguezá.
É tudo tão complicado!
De janeiro a janeiro,
Batalhar o tempo inteiro,
Pra comer algum bocado.
“Estudar? Coisa de rico!
Pobre quer é trabalho.”
É bicho de galho em galho,
Atrás de migalha ganhar.
Mas, sabe ele o que quer,
Sonha e constrói caminho.
Vive, no momento vago,
Com a luz do lampião,
Com a cartilha do ABC,
Segurado-a firme na mão.
É o futuro que ele escreve,
No pobre papel de embrulho,
Perspectiva na verve.
Porque persiste e sabe:
Não há nada que o impeça,
Se a vontade é verdadeira.
O luta que o enobreça!
Pobre só vive se lutar!
Pintura: A Família, Tarsila do Amaral
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