PERGUNTE AO PÓ DA ESTRADA POR ONDE ANDEI
Por Valdecir Ximenes
O texto que segue é um trecho de um mini-livro meu que nas horas vagas tento germinar. É a fala de um personagem inspirado nos grandes escritores russos, como Dostoiévsky e Ivan Turguêniev, dentre outros. O personagem é chamado Nuchenko e alguns dizem que o mesmo é meu alter-ego, embora negue com veemência. O leitor terá, então, o direito de opinar acerca do tema, que, de antemão, agradeço. Toda sorte de critica que aparecer será bem vinda, não digo igualmente aceita. Boa leitura!
Se tu perguntares por onde andei, somente uma fonte é capaz de te dizer fielmente: o pó, o pó da estrada. Caminhei noites escuras, andei por todos os lugares, tracei caminhos tortuosos, vivi contratempos e passatempos inatuais. Sempre andei só. Andei ainda por caminhos obscuros e soturnos; passei por veredas desconhecidas; experimentei amarguras e sofrimentos, risos e alegrias; e andei, nalgumas vezes, acompanhado, mas sempre me senti melhor na presença de meu fiel amigo, o pó da estrada. Somente o pó da estrada me fez ser sem medo. Somente ele foi meu companheiro inseparável, meu confessor mais íntimo, meu guarda-costas, meu brother in arms. Compartilhei com ele meus sentimentos mais íntimos, meus ódios mais sórdidos e meus maiores menosprezos. Meu gosto pelo Rock, pela Literatura, pela Ciência, minhas lendas e crendices e em nenhum momento divergi dele. Somente com o pó da estrada se é verdadeiro.
Com o pó da estrada aprendi a não bajular ninguém. Aprendi a ver os homens “ilustres” (os magnatas e senhores do poder) como simples animais. A propósito, aprendi que passar entre homens ilustres e animais não faz nenhuma diferença. Pelo contrario, certos animais são muito mais importantes. E se defendo pontos de vista políticos, ideológicos e filosóficos estes ou aqueles é porque realmente neles acredito piamente, e não porque um ou outro também o defende (pois se um ou outro defende meus pensamentos é mera coincidência, e eles não são fieis a tais pensamentos como eu sou). Como defende o filósofo alemão Nietzsche (a quem chamo de meu filósofo, uma vez que se entendo ou defendo algo em termos de filosofia, é porque aprendi e aprendo com ele), que no campo das ideias e pontos de vista: “deveis buscar o vosso inimigo e fazer a vossa guerra, a guerra pelos vossos pensamentos. E se o vosso pensamento sucumbir, a lealdade a sua convicção, contudo, deve cantar vitória”. O pó é meu herói, pois como sustenta o pensamento biblico: “És pó. E ao pó voltarás”.
Tenho muitos amigos, livros e discos, como diz a canção dos Engenheiros. Todos são bons amigos, mas nenhum me foi fiel como o pó da estrada. O pó do caminho por onde andei. Fico feliz em saber que tenho amigos os quais compartilham comigo de minhas convicções políticas, filosóficas e ideológicas, mas o meu amigo, o pó da estrada, é melhor em tudo. Tenho amigos que não gostam de Rock, não são afeitos ao debate e à conversação salutares; não gostam dos noticiários constantes da TV, rádio e televisão, e se apegam facilmente a coisas fúteis da indústria colonizadora de mentes, como futebol, algumas novelas e forró de péssimo gosto musical. O pó da estrada não. Ele somente se apega aos meus rastros. Ele é diferente. Ele é igual a mim.
O pó e eu somos só nós dois. Ou não. Como diz o filósofo Ortega y Gasset: Somos só nós três: “eu, o pó e minhas circunstâncias”.
Finalizando o texto, quando eu mais preciso, eu só tenho ele. E não me pergunte com quem ando, por que eu “Ando só, pois só eu sei por onde ir, por onde andei. Não me pergunte o que eu não sei. Pergunte ao pó. Desça ao porão, siga aquele carro ou as pegadas que eu deixei... pergunte ao pó por onde andei” (Engenheiros do Hawaii, Ando Só.). No meu caso eu ando só com o pó da estrada.
E é só. Se queres perguntar por andei, pergunte ao pó. Ao pó da estrada por onde passei.
Lendo:
Pergunte ao Pó
Por quem os sinos dobram, de E. Hemingway
meditaciones del quijote, de Ortega y Gasset
Ecce Homo (Eis o Homem), do Nietzsche
Ouvindo:
Humano demais, álbum Minuano dos Eng. Do Hawaii.
Yo Yo Ma
Vangelis
Kitaro
O texto que segue é um trecho de um mini-livro meu que nas horas vagas tento germinar. É a fala de um personagem inspirado nos grandes escritores russos, como Dostoiévsky e Ivan Turguêniev, dentre outros. O personagem é chamado Nuchenko e alguns dizem que o mesmo é meu alter-ego, embora negue com veemência. O leitor terá, então, o direito de opinar acerca do tema, que, de antemão, agradeço. Toda sorte de critica que aparecer será bem vinda, não digo igualmente aceita. Boa leitura!
Se tu perguntares por onde andei, somente uma fonte é capaz de te dizer fielmente: o pó, o pó da estrada. Caminhei noites escuras, andei por todos os lugares, tracei caminhos tortuosos, vivi contratempos e passatempos inatuais. Sempre andei só. Andei ainda por caminhos obscuros e soturnos; passei por veredas desconhecidas; experimentei amarguras e sofrimentos, risos e alegrias; e andei, nalgumas vezes, acompanhado, mas sempre me senti melhor na presença de meu fiel amigo, o pó da estrada. Somente o pó da estrada me fez ser sem medo. Somente ele foi meu companheiro inseparável, meu confessor mais íntimo, meu guarda-costas, meu brother in arms. Compartilhei com ele meus sentimentos mais íntimos, meus ódios mais sórdidos e meus maiores menosprezos. Meu gosto pelo Rock, pela Literatura, pela Ciência, minhas lendas e crendices e em nenhum momento divergi dele. Somente com o pó da estrada se é verdadeiro.
Com o pó da estrada aprendi a não bajular ninguém. Aprendi a ver os homens “ilustres” (os magnatas e senhores do poder) como simples animais. A propósito, aprendi que passar entre homens ilustres e animais não faz nenhuma diferença. Pelo contrario, certos animais são muito mais importantes. E se defendo pontos de vista políticos, ideológicos e filosóficos estes ou aqueles é porque realmente neles acredito piamente, e não porque um ou outro também o defende (pois se um ou outro defende meus pensamentos é mera coincidência, e eles não são fieis a tais pensamentos como eu sou). Como defende o filósofo alemão Nietzsche (a quem chamo de meu filósofo, uma vez que se entendo ou defendo algo em termos de filosofia, é porque aprendi e aprendo com ele), que no campo das ideias e pontos de vista: “deveis buscar o vosso inimigo e fazer a vossa guerra, a guerra pelos vossos pensamentos. E se o vosso pensamento sucumbir, a lealdade a sua convicção, contudo, deve cantar vitória”. O pó é meu herói, pois como sustenta o pensamento biblico: “És pó. E ao pó voltarás”.
Tenho muitos amigos, livros e discos, como diz a canção dos Engenheiros. Todos são bons amigos, mas nenhum me foi fiel como o pó da estrada. O pó do caminho por onde andei. Fico feliz em saber que tenho amigos os quais compartilham comigo de minhas convicções políticas, filosóficas e ideológicas, mas o meu amigo, o pó da estrada, é melhor em tudo. Tenho amigos que não gostam de Rock, não são afeitos ao debate e à conversação salutares; não gostam dos noticiários constantes da TV, rádio e televisão, e se apegam facilmente a coisas fúteis da indústria colonizadora de mentes, como futebol, algumas novelas e forró de péssimo gosto musical. O pó da estrada não. Ele somente se apega aos meus rastros. Ele é diferente. Ele é igual a mim.
O pó e eu somos só nós dois. Ou não. Como diz o filósofo Ortega y Gasset: Somos só nós três: “eu, o pó e minhas circunstâncias”.
Finalizando o texto, quando eu mais preciso, eu só tenho ele. E não me pergunte com quem ando, por que eu “Ando só, pois só eu sei por onde ir, por onde andei. Não me pergunte o que eu não sei. Pergunte ao pó. Desça ao porão, siga aquele carro ou as pegadas que eu deixei... pergunte ao pó por onde andei” (Engenheiros do Hawaii, Ando Só.). No meu caso eu ando só com o pó da estrada.
E é só. Se queres perguntar por andei, pergunte ao pó. Ao pó da estrada por onde passei.
Lendo:
Pergunte ao Pó
Por quem os sinos dobram, de E. Hemingway
meditaciones del quijote, de Ortega y Gasset
Ecce Homo (Eis o Homem), do Nietzsche
Ouvindo:
Humano demais, álbum Minuano dos Eng. Do Hawaii.
Yo Yo Ma
Vangelis
Kitaro
Nossa terra não é mais mera promessa! É realidade! Um celeiro de talentos que despertam por toda parte! Parabéns, Valdecir! Grande texto!
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